domingo, 17 de agosto de 2008

A Olimpíada e a Lan House

1) O Brasil é uma velha decepção olímpica. Nunca ganha um número respeitável de medalhas, os favoritos são derrotados e conseguem, no máximo, um bronze. Poucos confirmam o favoritismo. Não me venham com essa de incentivo. Tenho a competição no sangue. Odeio ser coadjuvante. Um país do tamanho do nosso amargando colocações ridículas. Intelectualmente nunca ganhamos nada. Um Nobel é uma coisa tão distante que parece coisa de outro mundo. O esporte seria uma saída natural para um país de operários, mas nem isso. Jade chora, João Derly chora, somente Cielo chorou bonito.

2) Sinto-me envergonhado com a precariedade de post’s deste blog. O problema, diria um administrador, é de infra-estrutura. Estou “desinformatizado”, estou vivendo um momento de exclusão digital. Estou sem computador em casa, algo muito grave. As lan houses não são um local muito inspirador para escrever. Neste momento, por exemplo, tem um garotinho, filho do dono daqui, observando-me enquanto escrevo. Odeio vir neste lugar. Principalmente por essa mini-mala que está aqui perto. Criança mimada e altamente chata. Espero que ainda não saiba ler.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Promessa

Prometo que postarei algo nos próximos dias. Estou vivendo uma fase de transição e fases de transição são sempre complicadas. Minha cabeça está em outro lugar, não está aqui, não está nesta cidade, não está nas provas finais, não está no blog.

Estou me mudando. De cidade e de vida. Quando estiver estabelecido postarei. Bom e aí estarei em férias o que vai me facilitar bastante.

Continuo com minhas paranóias cotidianas. O que não tenho é tempo para “colocá-las no papel.” Algumas aparecem e parecem boas, mas sem o devido tempo e instrumento de captura acabam fugindo. Depois de soltas, bom, depois de soltas é complicado capturá-las. Elas já desenvolveram técnicas avançadas de fuga e eu não desenvolvi técnicas de captura no mesmo nível.

Enfim, prometo, logo postarei.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Ócio

Estou, novamente, entregue à ociosidade. Essa semana deveria estar participando de um congresso, não estou. Estarei somente na sexta-feira. Até lá, ociosidade.

Não é de todo ruim essa situação, mas deveria estar colocando em dia meus estudos. A próxima semana será totalmente oposta, devido os trabalhos e provas que estarei submetido. A faculdade nos apronta dessas. Deixarei tudo acumulado, assim sinto mais prazer ao trabalhar intensamente. Nunca fui organizado com os estudos. Bom, dessa vez admito que estou curtindo a ociosidade. Essa aprendi fuçando algumas citações com um cara chamado Jerome, “é impossível gozar a ociosidade plenamente a não ser que se tenha muito trabalho para fazer.”

terça-feira, 20 de maio de 2008

Espera

A melhor parte da nossa vida é passada a aguardar o que vem.

Hazlitt, William


Duvido muito.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Vale Tudo

Como um gordo, negro, pobre e solitário escreve uma das obras-primas da música brasileira? Sentado numa cama olhando para o pôster de uma mulher.

Confesso que ler biografias não é uma preferência em minha vida. Na verdade esta que estou lendo é a primeira. "Vale Tudo, O Som e a Fúria de Tim Maia". Tim Maia foi certamente um dos personagens mais curiosos e mais geniais da música brasileira. Irretocavelmente descrito por Nelson Motta, seu produtor musical e amigo com quem passou longo tempo de sua vida. Uma passagem do início do livro retrata o personagem e a biografia da qual falo: “Desfrutar de sua amizade e testemunhar sua carreira eram um privilégio: um incessante espetáculo de grande música e alta comédia, protagonizado por um personagem único em sua paixão pelo excesso — de talento, de volume, de peso, de comida, de sexo, de drogas, de amor à arte, de cafajestice e agressividade, de ternura e generosidade...”.

Nos poucos capítulos que li até agora Tim Maia (ou Tião, como era chamado) aprontou várias, driblando a vida miserável, e, contra todas as expectativas, se tornando o grande gênio que foi. Mesmo pobre conseguiu ir para os EUA onde aprendeu inglês, passou fome, frio, foi preso várias vezes e deportado para o Brasil. Nos EUA viveu o “soul” que influenciaria sua música e a tornaria diferenciada no Brasil da época.

Morando com Fábio, um cantor de sucesso no final dos anos 60, Tim passou seus últimos momentos no anonimato. Fábio morava com seu empresário e viviam trazendo menininhas gostosas que eram levadas para os quartos. Tim, gordo, negro e pobre nunca arrumava nada e ficava escutando os gemidos dos quartos. Certa vez, sozinho em casa, Fábio havia viajado em uma turnê, Tim olhava para o pôster de uma mulher louco de tesão e se sentindo mais solitário do que nunca, compôs uma de suas obras que retratava o momento: “ Ah, se o mundo inteiro me pudesse ouvir/ tenho muito pra contar/ dizer que aprendi/ e na vida a gente tem que entender/ que um nasce pra sofrer enquanto o outro ri”. Tim sofria calado, dormindo no sofá emprestado por Fábio enquanto o músico (que era infinitamente inferior a Tim Maia) e seu empresário riam nos quartos se divertindo com as mulheres.

Gostando ou não do som de Tim Maia ou de biografias vale a pena ler essa, vale tudo.

* A editora do livro disponibiliza em seu site alguns capítulos para download.

terça-feira, 6 de maio de 2008

O Frio

Apesar de adepto do clima ameno desta época do ano, confesso que não me agradou passar frio ontem. Fui displicente por não levar casaco e paguei o preço ao cair da noite (e da temperatura).

Muitos reclamam do frio, não os entendo. Se estiver quente é ruim, se estiver frio é pior. Não prefiro o inverno ou o verão. Gosto das estações bem distintas, assim como ocorre por aqui. Se tivesse que escolher uma temperatura para passar a vida inteira, certamente, não escolheria o calor intenso. Prefiro uma temperatura mais amena mais próxima do frio que do calor. Mas aqui todo mundo reclama seja qual for a temperatura, se chove ou se faz sol, certamente falam do clima por, assim como eu, não ter nada melhor a dizer.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Josef Fritzl



Uma face nunca me engana. Mostra-me tua face que te direi quem és. Confesso que possuo esse dom. Deveria trabalhar na polícia, na área de investigações. Se estivesse encarregado do caso do desaparecimento da filha do senhor Fritzl, Josef Fritzl (nossa! Até o nome apavora), ela não teria ficado presa por mais de dois meses.

Aquela face não me engana. É a face do mal. Uma pessoa com aquele rosto não pode ser boa. Imagine o rosto de Chico Buarque. Ele é um cara educado, charmoso, escreve belas canções, isso todo mundo sabe, ou quase todo mundo. Mas somente olhando pro seu rosto se vê que não existe maldade na pessoa. Josef não. È diferente. Aquelas sobrancelhas inclinadas não enganam. O bigode fino. O cabelo arrepiado de louco. E os olhos... Veja o sangue nos olhos. Definitivamente esse cara não é uma boa alma.

Nesse ponto posso parecer preconceituoso (talvez realmente o seja), mas o fato é que faço julgamentos pela face de uma pessoa, na verdade todos fazem. Barba grande, por fazer, bem feita. Cabelo comprido, curto, penteado, descabelado. Sobrancelhas finas, grossas, inclinadas ou retas. Malditas sobrancelhas essas me despertam um sentimento curioso. Os olhos. O formato da face. Mas o que me remete a essas divagações é uma teoria penal formulada por um médico italiano chamado Cesare Lombroso. Em sua obra o italiano afirmava que existia um tipo de criminoso típico que poderíamos determinar por suas características físicas, altura, tamanho do crânio, dos braços et caterva. Para ele, o criminoso verdadeiro é uma variedade particular da espécie humana, um tipo definido pela presença constante de anomalias anatômicas e fisio-patológicas. Conheci vários advogados que afirmam conhecer o criminoso por essas características.

Claro que usar essa teoria no Direito Penal hoje em dia seria inadmissível. Não se pode condenar alguém somente pela sua aparência. É completamente irracional. Preconceituoso.

Voltando ao caso do Josef, não sei qual era seu disfarce social. Deveria ser muito bom pra ninguém desconfiar por todos esses anos. Mas ainda assim tenho certeza que pegaria esse cara se estivesse encarregado do caso. Aquelas sobrancelhas não me enganam. Conheço uma pessoa má, como Lombroso conhece um criminoso. Só pela aparência. Pelos conceitos pré-formulados. Pelo preconceito.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Retornando

Depois de um longo e angustiante período desconectado do mundo, estou novamente desbravando os mares da world wide web. Sentindo-me um troglodita, um excluído digital, retorno a este blog comprando briga com os técnicos de informática. Cada vez mais aumenta minha aversão a esses seres desmoralizadores dos blogueiros

Nesse intervalo de tempo que fiquei desconectado algumas questões surgiram na minha cabeça e não querem calar:

Foi criada alguma lei que obriga as emissoras de televisão dedicar, no mínimo, 40% do tempo de seus telejornais ao "Caso Isabella"?

O que é pior: ver seu time do coração perder ou sequer vê-lo jogar?

O que eu poderia fazer contra os técnicos de informática?

sábado, 19 de abril de 2008

Computador

Meu computador tem a incrível capacidade de me deixar na mão, assim como os técnicos de informática.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Sozinha, Bela e Graciosa

... era magnífica, nada parecia abalar sua felicidade. Dançava com uma naturalidade que parecia ter sido posta no mundo para esbanjar sua graça aos simples mortais. Ele, um simples mortal, apenas acompanhava seus movimentos, praticamente hipnotizado. No momento que a notou (e isso era algo quase impossível de não ocorrer) a festa acabou. Em poucos momentos ele percebeu que o sentido da noite era ela. Tudo ocorria simplesmente para ambientar sua presença. Os outros eram meros coadjuvantes. Ele, já embriagado, não conseguia atacá-la. Mal conseguiu se aproximar dela que sequer o havia notado. Normalmente já estaria ao lado dela, pelo menos seu nome saberia. Aquela noite era diferente. Sentia medo. Uma aproximação poderia estragar tudo. Preferia observá-la sem ser notado. Caso algo saísse errado, sentir-se-ia mais distante do que estava. Assim poderia apreciá-la quanto tempo fosse necessário. E como era necessário. Inexplicavelmente necessário. Posicionou-se num lugar estratégico e ali passou um bom tempo observando-a...

...naquele momento percebeu que tudo fazia sentido ela era realmente graciosa. Falava com ele esbanjando simpatia. Era mais linda do que parecia. Ele tentava controlar sua embriaguez e sua empolgação com a situação. Não imaginava chegar até ela. Parecia intocável. Não poderia estragar tudo naquele momento. Disse algumas palavras, fez algumas piadas e ela riu. Poucas vezes sentiu-se tão satisfeito. A noite poderia acabar ali. Enquanto ela sorria os machos em sua volta sedentos pela sua graça nada podiam fazer. Ela o presenteava com seu charme. Ele agradecia. Sentiu-se tão inatingível quanto ela parecia quando a notou. A festa foi passando as pessoas começavam a ir embora e ele nem percebia. Todas as câmeras estavam voltadas para lá. O restante era apenas cenário. Ela parecia ser sua...

...após se despedir com aquele sorriso no rosto, lindo rosto que parecia nunca ficar triste, virou-se e foi saindo. Ele estava imóvel como uma rocha. Observava sua saída dando-se conta de que não era protagonista naquela noite. Era um mero coadjuvante como todos os outros presentes. Havia apenas uma protagonista a qual saía soberana pela porta da frente. Sozinha, bela e graciosa.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Sexta-Feira Santa

A sexta-feira santa é um dia, no mínimo, estranho para quem vive entre católicos praticantes. O respeito à morte de Cristo, principalmente em cidadezinhas do interior, é coisa séria.

Durante a minha vida já ouvi cada coisa (a maioria absurda) sobre a sexta-feira santa. Não se come carne vermelha, não se faz festa, não isso, não aquilo. Falando com pessoas mais velhas então, descobre-se que as proibições eram ainda maiores há tempos atrás. Um senhor de cinqüenta e poucos anos uma vez confessou que seus pais falavam que quem não respeita a sexta-feira santa amanhece no sábado com um rabo. Sim um rabo. Nasce um rabo na pessoa durante a noite. Confessou-me, ainda, que, no sábado, quando acordava a primeira coisa que fazia era conferir se não havia algo estranho em seu traseiro.

O pior é que aqui na cidade a grande maioria da população é católica. Como a cidade é pequena todo mundo se vigia. Logo, ninguém faz nada na sexta-feira santa. Não sai pelada, não sai churrasco, não sai festa, ninguém trabalha porque é feriado, ninguém faz nada.

Talvez por isso cá estou eu, escrevendo. O blog, que anda em marcha lenta, ganha mais um texto. Depois vou arrumar o que fazer. Respeito a morte de Cristo, mas não tem como não fazer nada. Não sei como me portar na sexta-feira santa. Meu medo é acordar amanhã e ter uma surpresa.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Satisfação Literária

“...No jardim, Clara ressurgia a meu lado, plena de vida, sussurrando algum segredo. Meu pai desaprovou o encontro. Nem liguei. Enquanto punha meu braço na cintura dela, beliscava-lhe as nádegas fartas. Ela gostava. Ah! Como sorri bonito. Claro, eu acharia um jeito de roubar-lhe um beijo, sem que o marido desconfiasse. Era só preciso cuidado. Sabia-o ciumento, capaz de desvarios.
- Você parece um noivo – piscou – ainda pensa em casar?
- É muito difícil encontrar outra igual. – Enfiei meus dedos entre seus cabelos louros.
- Ainda gosta de mim?
Confirmei com a cabeça. Meu pai e seus mortos estavam com pressa. Atraíam-me à rua.
- Como vocês vivem? – voltei a olhar para a porta. Vi o marido na janela, mordendo os lábios.
- Estamos separados há um ano. – Ela baixou os olhos, disfarçando a lágrima denunciadora. – Sempre desconfiou de ti e fez de nossa vida um inferno.
Será que ainda gostava dele?
Desabafou:
- Quero o desquite, mas ele recusa. E não sai do meu pé.
- Então posso ter esperanças?
Consentiu com um sorriso. E antevi o que era ir ao céu.
Ouvi meu pai dizer qualquer coisa parecida com “agora é muito tarde”. Os parentes pálidos fizeram um silêncio intenso, gelado. Retruquei meu pai: eu casaria com ela, de qualquer jeito. Mataria o marido, brigaria com o mundo, faria qualquer coisa para ter Clara comigo e recuperar o tempo. Ninguém me impediria.
Meu pai estendeu-me suas mãos:
- Vem comigo!
O estampido muito próximo ecoou em meus ouvidos. Parecia um míssil em chamas que me atravessava a cabeça. O branco do céu tingia-se de vermelho, enquanto um sono doloroso pesava em minhas pálpebras. Ainda vi Clara correndo pra mim, chamando meu nome, nua, na praia de Garopaba, no verão de setenta e quatro. Em meus lábios um beijo de areia quente, com gosto de água salgada.”

Esses dias, sem ter o que fazer, procurando um livro para ler peguei um, quase ao acaso, na estante de casa. O Paraíso é no Céu de Sua Boca. Walmor Santos. Um livro de contos. Conforme fui lendo, fui me interessando. Estava naqueles dias em que precisava de uma boa leitura. Quando li o conto descrito acima (Clara nua, chamando meu nome) cheguei ao ápice da minha satisfação. Fechei o livro e fui dormir. Nada como estar satisfeito literalmente.

*. Encontrei alguns contos de Walmor Santos na Revista Malagueta que, a propósito, tem mais alguns textos e crônicas interessantes.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Falta Violenta é pra Cartão!

As aulas entraram de carrinho com os dois pés me deixando estendido no gramado. Somente agora, após a saída de campo e o atendimento médico, consegui levantar e reclamar cartão pela entrada violenta.

Estava com a posse de bola numa partida tranqüila, apenas esperando o apito final. Não tive tempo nem de pensar em me defender. O que parecia tão distante ocorreu. Anteontem estava na praia. Ontem no carnaval. Hoje estou cercado e imobilizado pela faculdade. Afinal, por que as férias passam num ritmo alucinante e o ano letivo é um parto com sérias complicações? Talvez tudo ocorra numa velocidade diretamente proporcional à empregada em cada situação. Agora que estou me dedicando um pouco mais (entenda-se pouquíssimo mais) parece que o tempo está passando um pouco mais rápido neste início de ano letivo. A vida ensina: não adianta ser craque, é preciso ajudar na marcação também.

Ainda estou meio atordoado. Atrás de livros. Situando-me nos estudos. Mas já deu pra ter uma palhinha de como vai ser o “campeonato” esse ano. Depois dessas partidas iniciais e da violência com que fui recebido, vou alegar um desconforto muscular e pedir pro “professor” pra ser poupado nas próximas partidas.

sábado, 1 de março de 2008

Felicidade Pura

Estou bem. Nos últimos dias fui invadido de uma alegria existencial que raras vezes me ataca. Logo eu um apaixonado pela melancolia, pela alegria de estar triste. Agora me encontro feliz sem estar triste por isso. Eu não entendo. Definitivamente, não entendo.

Muitas vezes estou feliz sem estar feliz. É uma felicidade mentirosa. Mascarada. Poluída por algum sentimento que não me permite estar definitivamente feliz. Hoje não. Estou feliz. Somente feliz. Puramente feliz. É isso.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Castro e os Cubanos



Fidel Castro está abandonando o poder. Aos poucos. Mas está. Não acho que a vida dos cubanos interfira na minha. Na verdade nem sei se a vida deles melhora, piora ou fica na mesma com a saída do ditador (troca de ditador).

Fidel Castro tem o meu respeito. Não sou de esquerda e estou longe de simpatizar com o comunismo ou com um governo ditatorial. Mas o tempo que ele ficou no poder em Cuba é impressionante. Considero Hugo Chavez e Evo Morales o atraso da América Latina, no entanto, Fidel é um ditador da época “romântica” do comunismo. Ele não foi um ditador ele foi “o ditador”. Por mais que não simpatize com seu governo ou com suas idéias devo confessar que ele é uma lenda viva (por pouco tempo ao que parece).

Nunca a entendi Cuba. Desconfio de todos os comentários e notícias que ouço. Uns falam da pobreza dos habitantes, outros dos ganhos sociais. Cada um fala de acordo com sua ideologia. Uma vez tinha uma vizinha no meu prédio que havia morado em Cuba. Fez um intercâmbio. Cursava Educação Física. Conversei poucas vezes com ela, nunca me atrevi a fazer muitas perguntas sobre a ilha. O que sei é que seu intercâmbio era bom, já que, Cuba é uma potência no esporte. Sei também que ela engravidou de um cubano e por isso havia retornado ao Brasil. Certa feita confessou que seu filho havia sido concebido em uma pista de atletismo. Acrescentou que os cubanos, em especial o pai de seu filho, têm um bom porte atlético. Não me poupou dos detalhes sórdidos. Talvez por isso sejam tão bons nos esportes. Aquela era uma mulher realizada. Via nos seus olhos quando falava do pai do seu filho. Confesso, inclusive, que senti um pouco de ciúmes do cara. Não por ela. Apesar de bonita, não era uma mulher irresistível. Mas pelo modo como ele, aparentemente, a satisfazia. Pensei se alguma mulher alguma vez falou em mim daquela maneira. O vi uma única vez. Saindo do prédio com um agasalho com as cores de Cuba. Era moreno, estatura média, expressão fechada. Quando percebi quem ele era lembrei da conversa que tive com ela. No outro dia a vi com a mesma felicidade de quando falava nele.

Não sei se Fidel foi bom para Cuba. Não sei se os cubanos são felizes com Fidel, mas tenho certeza que aquele cubano faz minha (ex) vizinha feliz, isso faz.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Mini-Post

A praia acabou com minha mente e minha disposição. O carnaval também colaborou pra isso. Não consigo escrever nem ler. Meu cérebro está fechado para atividade intelectual. Responde apenas aos “instintos mais primitivos”, como diria um ex-político-famoso-corrupto-que-mentiu-a-vida-inteira-e-quando-disse-a-verdade-teve-seu-mandato-cassado.

Não sei se ele (cérebro) não me obedece ou eu que compactuo com sua má vontade. Tanto faz também. Não consigo pensar nisso agora. Escrever este mini-post já está sendo de grande dificuldade para mim. Voltarei num momento mais oportuno.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Brasil em Segundo Plano

Como já é de praxe o Congresso Nacional está mais interessado em montar CPI’s que não resolvem nada do que discutir medidas para a o bem da nação. Agora é a vez dos cartões corporativos. Primeiro a oposição queria entrar com a CPI. Depois a situação. Agora já estão querendo investigar FHC. Tudo em “pratos limpos” no Congresso Nacional.

No final ninguém sai investigado. Ninguém é punido. E ficamos assistindo estas novelas de Brasília. Se o cinema brasileiro ainda não chegou ao nível do norte-americano, Brasília já está deixando Hollywood na poeira.

Até quando Brasil, até quando?

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Noite de Despedida

Jamais haviam trocado um olhar malicioso. Aquela era uma noite de despedida e essas noites exercem uma força estranha sobre seus protagonistas. Possuem roteiros ousados que surpreendem seus atores e geralmente são revelados na última hora. A mulher, uma amiga dele. Melhor amiga de sua ex. A ex, presente na festa, lançava olhares sobre ele por mais que estivesse acompanhada de outro. Esse outro é figurante na história, assim como a ex que está na história só para lançar esse olhar e confundir inicialmente o leitor. Ele ignora tais olhares.

Esta história não é sobre ele e sua ex. Isso nem ele sabe. A história é sobre ele e a amiga de sua ex e sobre como eles fazem sexo na noite de sua despedida. Ela ia para a capital durante a semana. Era sua última festa com os amigos antes da mudança de ambiente.

A festa transcorria normalmente. Até então, como sempre ocorreu ou como nunca ocorreu, ele e ela não haviam trocado olhares na festa. Entre uma despedida e outra eles se encontraram. Começaram a conversar e quase que sem querer trocaram olhares. Pela primeira vez se olharam assim. Olharam-se fundo. Um olhar de desejo. Somente nesse momento ele recebe o roteiro, vai direto ler o final e acha interessante. “Por que não?” Ela desvia o olhar e sai. Continua se despedindo do resto do pessoal.

Ele continua bebendo. Está sozinho. Não pensa e não faz nada além de beber. De agora em diante é apenas um marionete nas mãos do autor. O autor sabe dos efeitos de uma noite de despedida e deixa o protagonista em suas mãos.

Como que atraído por uma força vira-se pro lado. Lá está ela, parada, próxima da saída. Em seu vestido preto, bolsa na mão e olhando-o novamente. Novamente aquele olhar de desejo. Aquele olhar que fala. Convidando ele para sair. Para pular algumas páginas do roteiro e ir logo para o final. Ele olhando para ela daquela maneira pela segunda vez na sua vida sabia que não olharia uma terceira. Não naquela noite. Ela, concordando com a escolha, sai rasgando e atirando ao fogo as páginas intermediárias sendo seguida por ele.

Os dois vão para um local escuro bem próximo da festa. Dessa vez não houve carro motel ou cama, afinal era uma noite de despedida. Como se fizessem isso junto há anos, transaram numa sintonia nunca experimentada por nenhum deles. O palco foi o mais simples possível, escolhido naturalmente: a grama banhada pelo orvalho da noite.

Após aquela noite ela viajou como planejado. Ele ficou como esperado. Viram-se poucas vezes desde então. Nunca comentaram aquela noite. Nenhum dos dois entendeu direito o que aconteceu naquele dia. O que se sabe é que nunca mais ele participou de uma noite de despedida.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

De Volta Ao Mundo Real

Após uma bela viagem estou de volta. Logo cheguei deu problema no meu pc. Como que uma punição por ter ficado tantos dias longe dele. Mas agora está tudo em dia novamente. Balneário Camboriú é um lugar maravilhoso. Conheci os bares como prometido e fui pro mar somente uma vez, de madrugada, encerrando uma noitada.

Alguns imprevistos e algumas boas surpresas ocorreram. Mas isso fica pra "seqüência do campeonato".

Jornal, revista, internet, nada disso na praia. Ainda estou me banhando de informação para retornar bem ao mundo real. Quando se está de férias, viajando, vivemos fora deste mundo por mais que estejamos dentro dele. Na verdade o corpo está, a alma não.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Um Pouco de "Pessoa"

"O próprio viver é morrer, porque não temos um dia a mais na nossa vida que não tenhamos, nisso, um dia a menos nela"

Pessoa, Fernando

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Casa na Praia

Nos próximos dias estarei viajando pelo litoral catarinense. Balneário Camboriú, em especial. Visitando suas belas praias e fugindo do mar. Gosto de praia, não de mar. Não de se banhar, melhor dizendo. Acho bonito. Prefiro admirá-lo a banhar-me nele.

Meter o pé na estrada, cabelo ao vento, nada de pressa, nada de compromisso. Adoro a estrada, talvez mais que a praia. A estrada, a paisagem, as paradas, tudo. A praia é a praia. A estrada sim, essa me encanta. Estar na estrada me faz bem. É aquele lance “On The Road”. Não resisto. Estarei saindo sexta-feira e não tenho dia para voltar. Sempre acompanhado de bons amigos.

Certamente farei muita festa e, caso dispusesse de mais dinheiro, muitas compras. Ficarei com os bares. Como boêmio de carteirinha conhecê-los-ei. Todos. Provarei de bebidas e petiscos. Assim passarei os próximos dias. Somente com “meus amigos, meus discos, meus livros e nada mais”, porém, longe do campo. Como diria o Ed, “Au Revoir”.

sábado, 5 de janeiro de 2008

Pelo Conservadorismo

Dias atrás estava numa aula de medicina legal. Aula boa, interessante. A professora seguidamente tocava em temas polêmicos emitindo opiniões como se fossem unânimes. Ora, o tema polêmico é polêmico justamente por estar longe da unanimidade. Analisando suas opiniões percebi que ela é a favor do aborto, do casamento gay, é contra a igreja e trata de tudo com a maior razão do mundo. Tudo bem cada um tem seu ponto de vista (ou deveria ter). Mas o que me impressionou é que praticamente toda a turma aceitava as opiniões como verdades absolutas. Enquanto a professora falava a maioria balançava a cabeça como que concordando com tudo aquilo.

Parecia que eu era o único indignado com isso. Pra começar, não acho errado um professor se manifestar demonstrando sua visão diante temas polêmicos dentro da sala de aula (apesar de não ser essa sua função primordial). Agora tratar desses temas como se tudo fosse perfeitamente aceito daquela maneira é uma palhaçada. Como se ela fosse dona da verdade.

Não sei por culpa de quem, mas o fato é que ser conservador no Brasil é crime. Aqui não se tem esse direito.

Sou contra o aborto. Sou contra o casamento homossexual. E sou contra vários outros temas que estão em debate nos dias de hoje em que quem é contra, como eu, é tratado como atrasado, como ignorante. Não quero discutir esses temas aqui. Não é esse o meu objetivo. O que estou querendo dizer é que hoje se criou algumas certezas sobre certos temas. As instituições de ensino (não quero generalizar) colocam as opiniões mais conservadoras como se fossem um atraso para a humanidade. Mas quem é o dono da verdade afinal. Não existe. Mas é como se existisse.

Não gosto de tratar de política aqui no blog. Mas o que eu acabei notando diante de todo esse panorama é que no Brasil não existe, por exemplo, um partido conservador. Todos querem ser modernos. Até mesmo os que não eram pra ser hoje são (essa frase ficou horrível, mas deixa assim). Os partidos vermelhos têm a mania de repudiar qualquer idéia conservadora como sendo dos ditadores militares. Mas não é essa a questão. Dessa maneira o lado conservador acabou. Os partidos têm medo de ser conservador.

Nos EUA, uma potência mundial, existem os dois lados. Não sou a favor de Bush. Não é esse o ponto. Mas lá existem os dois lados e o lado conservador está no poder há dois mandatos. O que não entendo é essa mania aqui no Brasil de passar por cima da moral e dos bons costumes em virtude da aquisição de direitos. O mundo não é feito somente de direitos. É como se pensar dessa maneira é ser moderno, é estar na frente dos outros. A maioria das pessoas que concordam com essas idéias nunca parou pra pensar se realmente, na prática, elas são melhores ou piores que as conservadoras.

Resumindo a minha indignação. Este é um post pelo conservadorismo, pelas suas idéias e pelo direito de ser conservador. Seja você conservador ou não pelo menos dê o direito a uma pessoa de o ser.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Promessas

Início de ano é tempo de promessas. As pessoas prometem como doidas. Melhorar no trabalho, como pessoa, a alimentação, a aparência... Não faço parte desse time. Não sou de promessas. Tenho apenas desejos eivados de pessimismo. Queria postar regularmente neste blog e largar alguns vícios e manias. No entanto, sei que dificilmente isso irá acontecer.

Quem promete se obriga. Não prometo, desejo. Como já disse o grande conquistador: “A melhor maneira de manter a sua palavra é não a dar” (Bonaparte, Napoleão).

O negócio da promessa, assim como do pedido aos santos, é a esperança. Promessa mexe com esperança. A esperança de que aquilo vai se realizar. De que você vai cumprir. De que os santos vão dar conta pra você. Por isso que brasileiro promete tanto. A verdade é que o ano muda, mas a vida não. A situação é a mesma. Mas a ilusão da mudança muitas vezes já basta.

E a esperança é um sentimento desgraçado. É o último que morre. Nem o amor dura mais do que a esperança. Ela incomoda. Não sou contra ela. Pelo contrário tenho esperança em várias coisas. No entanto, em várias outras eu já a perdi. Procuro separá-la do desejo. Tenho desejo de um dia ficar milionário, de ser um astro do rock, de ser o maior escritor da face da terra, de que o Lula melhore o país. Desejo, não espero.

Procuro ter esperança sem me iludir. Mantenho minha palavra. Ao contrário do que parece, sou otimista. Apenas fujo das promessas. Odeio promessas.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

2008

Sei que já estamos no dia 3, mas ainda temos muitos dias pela frente neste ano. Feliz 2008 para todos (os que freqüentam este blog, o resto que queime no mármore do inferno). Muita paz, amor, saúde, dinheiro et cetera.

Dois mil e oito promete. Os búzios estão do nosso lado. Em recente consulta me informaram que o Paranóia Cotidiana será eleito o blog do ano em uma pesquisa mundial organizada por uma universidade inglesa. Aguardem.