quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Contos de Carnaval II

Márcio era um espetáculo, um show man. Principalmente no carnaval. Era o seu momento. Todos paravam para vê-lo. Um cara diferenciado. Era querido o ano inteiro, mas durante o carnaval, idolatrado. Era o seu chão, seu palco, seu habitat. Era espontâneo, criativo, ousado. Uma criatura carnavalesca. Era Márcio.

Sempre bebendo, fumando e dando show. Nunca foi muito bem com as mulheres. Nem por isso era criticado. Ele não mistura negócios com prazer, justificava algum de seus fãs incondicionais.

Aquele carnaval não havia começado diferente. Não aparentemente. Márcio exalava alegria e loucura. No entanto, havia algo estranho com ele. Algo não sabido pelos companheiros foliões. Nem ele sabia, na verdade, o que estava acontecendo. Desfilava entre as pessoas exibindo sua dança e suas brincadeiras. Sua companhia era disputada. Todos queriam estar ao lado de Márcio.

Na primeira noite, para surpresa de todos, ele não apareceu. Durante a tarde, brilhante, à noite, nada. Seu espetáculo havia acabado num único ato. No outro dia começou a festa cedo. Poucos perguntaram o motivo de seu sumiço. Afinal, ninguém questionava Márcio, ainda mais no carnaval. Esteve presente na segunda noite. Poucos o viram. Na noite não era tão disputado. Deu um curto espetáculo e passou o resto da noite bebendo pouco e caminhando pelo salão.

Aquela foi a única noite daquele carnaval que Márcio esteve presente. Em todas as outras ficou em casa. Fazendo a sua parte durante o dia e de noite ficava em casa. Alguns o questionaram, outros o defenderam. O carnaval não era mais o mesmo, ele esta ficando velho, era algumas das explicações dadas por seus companheiros. Mas, na realidade, ninguém compreendia o que estava acontecendo com ele.

Márcio não era uma pessoa comum. Era um dos últimos exemplares de uma geração antiga voltada para o carnaval. Uma criatura carnavalesca. E essas criaturas não se compreendem e não são compreendidas. Não neste mundo, não nestes carnavais.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Voltarei

Compromissos, compromissos, compromissos. Antes era o carnaval. Agora um curso. Antes era lazer. Agora não. Mas é a vida. Vai ser cansativo. Mas nem tanto. Não se considerarmos a estadia num hotel cinco estrelas (com tudo pago), as cinco refeições diárias, a piscina, o salão de jogos, as colegas de curso (de excelente gabarito), as diárias...

Tá bom. Vai ser suportável. Vou ter alguma coisa para fazer nos intervalos do curso. Provavelmente terei de sumir alguns dias. Mas estarei bem. Levarei roupas, escova de dente, perfume, preservativos...

Mal vai ficar você. Abandonado, na verdade. Mas são poucos dias. Coisas da vida. Sair da rotina. Ultimamente, com exceção do carnaval, tenho me dedicado a você. Está sempre atualizado. Com videozinhos e textinhos. Tá certo que muitas vezes escrevo bobagens. Mas é como o nosso trato lá no cabeçalho, “...bons textos, péssimos textos...”, faço o que posso.

Por favor, me entenda. Seja um blog compreensivo. Receba bem as visitas. Seja hospitaleiro. E explique a minha ausência. Até quarta-feira.

Pires

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Contos de Carnaval I

Toninho era assim. “Ihno” até no nome. Apaixonado pela Vivian. Vivian, até antão não tinha conhecimento da existência de Toninho. Afinal, Toninho era... ...inho. Naquela noite de carnaval ele já havia ensaiado uma chegada em Vivian. Uma não, várias. Vivian não. Ela era soberana na noite. Muitos haviam se aventurado mas nenhum saiu vitorioso. Era chegada a hora. Toninho não poderia esperar mais. Mas a cada fracasso de seus rivais. Toninho ficava cada vez mais “inho”. Não importa.

1ª Tentativa
- Oi Vivian, eu sou o To... (empurrão de Vivian) ...ninho.
Toninho, apesar de abatido não desistiria tão fácil.

2ª Tentativa
Vivian vinha na sua direção. Na frente dela mais duas amigas. Vinham em fila. As amigas passaram bem próximas do Toninho.
- Oi, eu preciso falar... (indiferença de Vivian) ...contigo.
Toninho foi ironizado pelos amigos. Até chamado de frouxo. Frouxo era demais.

3ª Tentativa
Toninho estava revoltado. Zombaram de seu sentimento. E tudo era culpa dela. Agora estava em dívida com sua reputação. Ele não se chamava mais Toninho. Agora era diferente. Tonhão entrou em campo. Vivian dançava com suas amigas. Tonhão lançou um olhar para Vivian. Hipnotizou a presa com sua fúria. E, num bote certeiro, agarrou-a pelo braço.
- Vem aqui com o To... (Vivian, sem ação, se rende ao beijo) ...nhão. (ela sabia que era “nhão”).

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

De Volta ao Mundo Real

Fim de carnaval, fim da ressaca, estou pronto para outra. Mas nada como voltar a rotina. Rotina musical. Depois de ouvir tanto axé, nada como ouvir o som do bom e velho blues. Cordas vibrando ao movimento do “slide”. Ah, isso é mais do que música é terapia. Esse vídeo mostra o doce movimento das cordas produzindo o mais belo dos sons. Axé só o ano que vem, graças a Deus.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

É Carnaval!



Carnaval. Samba, mulher (quase) pelada e bebida. Não é por nada que sou um amante dessa “festa profana”. Antes dela uma última postagem. Depois entraremos em recesso. Até o final do carnaval (ou da ressaca).

Carnaval é festa. E se tem uma coisa que os brasileiros fazem bem é festa! Crise, político dobrando salário, conta pra pagar, taxa de juros, educação medíocre, superlotação de presídios, crise energética, floresta amazônica desmatada, fome, miséria, doença, violência, neguinho levando criança de arrasto no carro... Tudo digerido rapidamente pelos brasileiros quando chega o carnaval.

Não sou diferente. Vou encher a cara. Pegar mulher. Dar risada. Fazer bem o que melhor fazemos. Festa. Digerir rapidamente tudo isso. Afinal, sou brasileiro. E é Carnaval!

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Futebol Versus Pára-Quedismo (Sem Pára-Quedas)

Achei que o futebol era um esporte seguro. Isso até sábado passado quando me machuquei jogando no “Várzea Champions League”. Não havia jogado o último jogo, entrei com todo gás. Acho que me empolguei um pouco querendo mostrar serviço pro treinador. Foi lá pelos dez minutos do primeiro tempo. O atacante jogou a bola na frente e eu, com o vigor de um mamute, entrei de carrinho no cara. Não sei se foi uma torção ou o cara caiu em cima (do joelho), sei que dali em diante cada vez que eu corria parecia que meu joelho iria saltar fora. Segunda feira eu queria ir ao médico, mas acabei indo numa “arrumadeira”, aconselhado por minha mãe. Até que não foi tão ruim como eu pensava.

Até aí nenhuma desgraça. A desgraça foi saber do tal maluco que caiu de mais 3.600m e machucou o tornozelo. Pô, o que Deus tem contra mim. Tudo bem, estou aqui vivo, tenho casa comida e roupa lavada. Mas eu “caio” de uma altura de menos de um metro e machuco o joelho. O cara cai duma altura de mais de três quilômetros e tá aí dando entrevista e ganhando dinheiro com o vídeo que gravou (bah! o cara ainda filmou).



Só pode ser perseguição. Vou ser pára-quedista daqui pra frente. E sem pára-quedas. Só preciso de um avião e uma câmera. Vou tirar a limpo essa história. Só falta eu quebrar a perna, aí eu to ferrado. Perigoso é o futebol.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

A humanidade é Desumana



Não gosto de escrever sobre coisas tristes. Não que eu fique alheio a elas, mas simplesmente prefiro assuntos mais alegres. No entanto, com toda a repercussão na mídia e diante da insana crueldade do fato falarei sobre o caso do menino que foi arrastado por um carro.

Tudo isso me faz pensar na sociedade, no mundo onde vivemos. A sensação é que cada vez a situação fica pior. Às vezes me pergunto como vai ser o mundo em que meus filhos viverão.

Gostaria que alguém explicasse o que leva uma pessoa a levar arrastado pelo carro um menino de seis anos em um trecho de sete quilômetros. Mas isso é totalmente inexplicável. Uma pessoa que tem família, valores ou um mínimo de sanidade mental não consegue explicar tal fato. Que ameaça representa uma criança de seis anos? E o que mais me fez “perder as esperanças”, foi quando li que os bandidos não estavavam arrependidos do que fizeram.

Soluções práticas ou milagrosas, diminuição da menoridade penal, prisão perpétua, pena de morte, distribuição de renda, projetos sociais, educação, respeito... Nada me parece fazer sentido diante da brutalidade do fato, a única coisa que consigo pensar é que somos animais mesmos, a humanidade é desumana.

sábado, 10 de fevereiro de 2007

Lições de Vida

*. Tenho dificuldade em escrever diálogos. Aqueles diretos, com o travessão. Não sei por quê. Só sei que não gosto. Como na vida sempre é importante quebrarmos esses pequenos tabus cotidianos, resolvi enfrentar.

- Quem? O Armando?
- Sim, o Armando. Eu te falei que ele tava diferente nos últimos tempos.
- Ta bom, pode ser. Mas pra fazer isso deve estar muuuuuito diferente!
- Pois é, não me engano com as pessoas. Quando alguém está diferente eu percebo.
- Confesso que não consigo acreditar nisso. O Armando sempre foi um cara muito tranqüilo, muito sereno.
- As aparências enganam. E quem me contou essa foi o Nogueira.
- É, então deve ser verdade. O Nogueira não mente. Mas na igreja! Achei que o Armando nunca tivesse ido na igreja.
- Mas nunca tinha ido, não naquela. O Nogueira me disse que o viu de tarde, estava chorando, correndo atrás de uma velhinha achando que era sua falecida avó.
- É, não tava nada bem.
- Não mesmo. O Nogueira tentou falar com ele mais tarde mas ele só falou algo como “aaahhhhhhhhh numpodeta osssshhhim bebêêêê”, seguido de longas risadas. Depois ele fez aquilo na igreja. Nem acredito. Tomar o microfone do pastor.
- Logo o Armando.
- É, logo o armando.
Naquele dia Armando aprendeu a nunca se meter com o pastor. Não dentro da sua igreja, não durante a sua missa, não tomando o seu microfone e proferindo palavras obscuras, encaradas pelos fiéis como sendo demoníacas. E o Nogueira nunca mais apostou com Armando duvidando que ele faça alguma loucura.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Viva o Lado Coca-Cola da Vida!

Admiro quem não toma coca-cola. Ou só toma light (arrrrg). Sou dos que idolatram o sagrado líquido. Nada como encher o copo e sentir o líquido espumando e fazendo o gás emergir das profundezas do líquido preto. Depois o momento da degustação é uma experiência única. Cada vez que provo parece ser a primeira e última vez que estou ingerindo.

Além do sabor inimitável, como o nosso rei, o apelo comercial da coca-cola é muito forte. Agora é esse slogan: “Viva o lado coca-cola da vida”. E ainda tem gente que não se rende a sagrada bebida. Depois de assistir a este vídeo então, fiquei ainda mais devoto.


quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Lugar Estranho

Ele abriu os olhos. Olhou em volta. Estava em um lugar estranho, desconhecido. Não se lembrava da noite anterior. Apenas, que bebeu muito. Sua boca estava seca como se houvesse comido terra. Um quarto bagunçado com uma TV ligada, mas sem volume. A ausência de móveis, além da cama, era perturbadora. O quarto era grande. Suas roupas estavam pelo chão como se houvessem sido arremessadas com fúria. Ele estava totalmente nu. Próximo à cama havia uma garrafa de vodka vazia. Ao seu lado, uma pessoa com o rosto coberto.

Levantou-se com cuidado. Foi vagarosamente até a porta. Saindo do quarto viu todos os móveis empilhados, alguns caídos no chão juntamente com outra garrafa de vodka. Haviam restos de comida pelo chão. Ele estava em pânico. Tentava se lembrar como havia chegado ali. Lembrava do dia anterior. Foi um dia normal, acordou havia trabalhado, mas a noite era uma incógnita.


Voltou ao quarto, recolheu suas roupas e as vestiu. Passando por toda aquela zona se sentia mal por não saber onde estava. Ao abrir a porta para sair, percebeu que o corredor do prédio era familiar. Para a sua surpresa, a porta do seu apartamento estava na sua frente. Sem entender muita coisa pegou as chaves e entrou. Na entrada havia um bilhete escrito: “Não esqueças que vai me ajudar com a mudança como prometeu”. Era da nova vizinha. Novas vizinhas sempre dão muito trabalho.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Os gaúchos e o Bairrismo

Bairrismo: qualidade ou ação de bairrista.
Bairrista: pessoa que só considera como pátria o Estado natal, menosprezando tudo que se relaciona com os outros Estados.

Ah Cláudia Leite! Se você tivesse lido meu texto (esse texto) antes de sua apresentação no Planeta, não teria falado tanta merda e o show teria sido um sucesso. No último final de semana realizei um “mini-veraneio”. Fui pra Capão da Canoa, litoral norte do Estado. Nem tanto pela praia, mas sim pelo Planeta Atlântida. Estava meio fora de forma e precisava dar uma esquentada para o carnaval.

Eu não sou muito ligado em “axé music”. Mas confesso que estava curioso pra assistir ao show da Babado Novo. Cláudia Leite é um espetáculo, pensava eu. Sem falar que o grupo tem alguns “hits” que estão tocando bastante. A festa estava boa, os shows agradáveis até a hora da banda em questão. Que começou bem. Estavam animando a galera.

Mas como diz o ditado, o peixe morre pela boca. Toda banda faz o seu marketing. Cada uma tenta conquistar o público do seu jeito. Mas Cláudia Leite, definitivamente, não conhece os gaúchos. Não quero ser duro com a moça, até acho que não foi de má-fé. Mas a “simpática” cantora deu uma mancada quando falou dos mandamentos dos “planetários”. Um dos mandamentos, segundo a cantora, era achar ela a mulher mais bonita e mais gostosa do planeta. Eu não sei se ela estava meio carente. Ou se tinha algum complexo de inferioridade. Porque no Rio Grande não se anuncia mulher bonita, isso nós temos pra exportação. Se na Bahia não tem ou é pouco, o problema é deles. Mas enfim...

Outra pérola da moça foi falar em transformar o Rio Grande do Sul na Bahia. Sinceramente este não é um bom discurso. Não no Rio grande do Sul, pelo menos. Se eu preferisse a Bahia, estaria lá e não aqui, pensei. Ainda b em a infeliz tentativa foi logo abafada por um grito de: “Ah, eu sou gaúcho!”.

Não quero estar sendo bairrista, até porque acho a Ivete Sangalo uma simpatia. Mas após o balde de merda jogado nos ouvidos saí dali e fui procurar um lugar sem Cláudia Leite. Posso estar sendo cruel com ela. Mas gaúcho é bairrista mesmo.
*. Que fique claro que acho ela gostosa pra caralho, mas...

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Estamos Crescendo!



Sim, o Paranóia Cotidiana está crescendo. Recebeu um link no “Pensar Enlouquece” do Alexandre Inagaki, um dos maiores e mais famosos blog’s do Brasil. Ta certo que é um link temporário, na verdade só vai durar esta semana. Mas em um blog que recebe mais de mil visitas por dia ajuda bastante. Os acessos já estão aumentando. Mais alguns dias e dominaremos o mundo!

Ta bom, não é pra tanto.

Estava na praia quando “recebi a notícia”. Há alguns dias atrás enviei um email pro Inagaki. Falei que tinha um blog e pedi pra ele dar uma olhada e tal. Quando fui ver meus emails e havia um dele fiquei feliz só por ele ter me respondido. E foi rápido. O cara é muito gente fina. Falou um pouco do blog, me deu umas dicas e falou que havia incluído o Paranóia Cotidiana entre os blogs da semana.

Ainda estou emocionado. Dêem uma passada lá. Vejam o link no lado direito. Cliquem nele e voltem pra cá, mas olhem logo por que é só essa semana, depois não venham me dizer que estou mentindo.