sexta-feira, 4 de abril de 2008

Sozinha, Bela e Graciosa

... era magnífica, nada parecia abalar sua felicidade. Dançava com uma naturalidade que parecia ter sido posta no mundo para esbanjar sua graça aos simples mortais. Ele, um simples mortal, apenas acompanhava seus movimentos, praticamente hipnotizado. No momento que a notou (e isso era algo quase impossível de não ocorrer) a festa acabou. Em poucos momentos ele percebeu que o sentido da noite era ela. Tudo ocorria simplesmente para ambientar sua presença. Os outros eram meros coadjuvantes. Ele, já embriagado, não conseguia atacá-la. Mal conseguiu se aproximar dela que sequer o havia notado. Normalmente já estaria ao lado dela, pelo menos seu nome saberia. Aquela noite era diferente. Sentia medo. Uma aproximação poderia estragar tudo. Preferia observá-la sem ser notado. Caso algo saísse errado, sentir-se-ia mais distante do que estava. Assim poderia apreciá-la quanto tempo fosse necessário. E como era necessário. Inexplicavelmente necessário. Posicionou-se num lugar estratégico e ali passou um bom tempo observando-a...

...naquele momento percebeu que tudo fazia sentido ela era realmente graciosa. Falava com ele esbanjando simpatia. Era mais linda do que parecia. Ele tentava controlar sua embriaguez e sua empolgação com a situação. Não imaginava chegar até ela. Parecia intocável. Não poderia estragar tudo naquele momento. Disse algumas palavras, fez algumas piadas e ela riu. Poucas vezes sentiu-se tão satisfeito. A noite poderia acabar ali. Enquanto ela sorria os machos em sua volta sedentos pela sua graça nada podiam fazer. Ela o presenteava com seu charme. Ele agradecia. Sentiu-se tão inatingível quanto ela parecia quando a notou. A festa foi passando as pessoas começavam a ir embora e ele nem percebia. Todas as câmeras estavam voltadas para lá. O restante era apenas cenário. Ela parecia ser sua...

...após se despedir com aquele sorriso no rosto, lindo rosto que parecia nunca ficar triste, virou-se e foi saindo. Ele estava imóvel como uma rocha. Observava sua saída dando-se conta de que não era protagonista naquela noite. Era um mero coadjuvante como todos os outros presentes. Havia apenas uma protagonista a qual saía soberana pela porta da frente. Sozinha, bela e graciosa.

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