Como um gordo, negro, pobre e solitário escreve uma das obras-primas da música brasileira? Sentado numa cama olhando para o pôster de uma mulher.
Confesso que ler biografias não é uma preferência em minha vida. Na verdade esta que estou lendo é a primeira. "Vale Tudo, O Som e a Fúria de Tim Maia". Tim Maia foi certamente um dos personagens mais curiosos e mais geniais da música brasileira. Irretocavelmente descrito por Nelson Motta, seu produtor musical e amigo com quem passou longo tempo de sua vida. Uma passagem do início do livro retrata o personagem e a biografia da qual falo: “Desfrutar de sua amizade e testemunhar sua carreira eram um privilégio: um incessante espetáculo de grande música e alta comédia, protagonizado por um personagem único em sua paixão pelo excesso — de talento, de volume, de peso, de comida, de sexo, de drogas, de amor à arte, de cafajestice e agressividade, de ternura e generosidade...”.
Nos poucos capítulos que li até agora Tim Maia (ou Tião, como era chamado) aprontou várias, driblando a vida miserável, e, contra todas as expectativas, se tornando o grande gênio que foi. Mesmo pobre conseguiu ir para os EUA onde aprendeu inglês, passou fome, frio, foi preso várias vezes e deportado para o Brasil. Nos EUA viveu o “soul” que influenciaria sua música e a tornaria diferenciada no Brasil da época.
Morando com Fábio, um cantor de sucesso no final dos anos 60, Tim passou seus últimos momentos no anonimato. Fábio morava com seu empresário e viviam trazendo menininhas gostosas que eram levadas para os quartos. Tim, gordo, negro e pobre nunca arrumava nada e ficava escutando os gemidos dos quartos. Certa vez, sozinho em casa, Fábio havia viajado em uma turnê, Tim olhava para o pôster de uma mulher louco de tesão e se sentindo mais solitário do que nunca, compôs uma de suas obras que retratava o momento: “ Ah, se o mundo inteiro me pudesse ouvir/ tenho muito pra contar/ dizer que aprendi/ e na vida a gente tem que entender/ que um nasce pra sofrer enquanto o outro ri”. Tim sofria calado, dormindo no sofá emprestado por Fábio enquanto o músico (que era infinitamente inferior a Tim Maia) e seu empresário riam nos quartos se divertindo com as mulheres.
Gostando ou não do som de Tim Maia ou de biografias vale a pena ler essa, vale tudo.
* A editora do livro disponibiliza em seu site alguns capítulos para download.
Confesso que ler biografias não é uma preferência em minha vida. Na verdade esta que estou lendo é a primeira. "Vale Tudo, O Som e a Fúria de Tim Maia". Tim Maia foi certamente um dos personagens mais curiosos e mais geniais da música brasileira. Irretocavelmente descrito por Nelson Motta, seu produtor musical e amigo com quem passou longo tempo de sua vida. Uma passagem do início do livro retrata o personagem e a biografia da qual falo: “Desfrutar de sua amizade e testemunhar sua carreira eram um privilégio: um incessante espetáculo de grande música e alta comédia, protagonizado por um personagem único em sua paixão pelo excesso — de talento, de volume, de peso, de comida, de sexo, de drogas, de amor à arte, de cafajestice e agressividade, de ternura e generosidade...”.
Nos poucos capítulos que li até agora Tim Maia (ou Tião, como era chamado) aprontou várias, driblando a vida miserável, e, contra todas as expectativas, se tornando o grande gênio que foi. Mesmo pobre conseguiu ir para os EUA onde aprendeu inglês, passou fome, frio, foi preso várias vezes e deportado para o Brasil. Nos EUA viveu o “soul” que influenciaria sua música e a tornaria diferenciada no Brasil da época.
Morando com Fábio, um cantor de sucesso no final dos anos 60, Tim passou seus últimos momentos no anonimato. Fábio morava com seu empresário e viviam trazendo menininhas gostosas que eram levadas para os quartos. Tim, gordo, negro e pobre nunca arrumava nada e ficava escutando os gemidos dos quartos. Certa vez, sozinho em casa, Fábio havia viajado em uma turnê, Tim olhava para o pôster de uma mulher louco de tesão e se sentindo mais solitário do que nunca, compôs uma de suas obras que retratava o momento: “ Ah, se o mundo inteiro me pudesse ouvir/ tenho muito pra contar/ dizer que aprendi/ e na vida a gente tem que entender/ que um nasce pra sofrer enquanto o outro ri”. Tim sofria calado, dormindo no sofá emprestado por Fábio enquanto o músico (que era infinitamente inferior a Tim Maia) e seu empresário riam nos quartos se divertindo com as mulheres.
Gostando ou não do som de Tim Maia ou de biografias vale a pena ler essa, vale tudo.
* A editora do livro disponibiliza em seu site alguns capítulos para download.
3 comentários:
Nossa! Que legal! A música que deu nome ao meu blog, hehe
Nunca imaginava que ele teve essa isnpiração! Tadinho do Tim! hehe
Agora fiquei curiosa pra ler o livro, quando tiver um tempinho acho que vou devorar, adoro biografias!
Beijão
O livro é muito bom. O Motta escreve muito bem e conhecia o Tim Maia. Muito bom mesmo.
Li o livro. Muito Bom
Abraços
http://www.palavrasdotioaderbal.blogspot.com/
Postar um comentário