quarta-feira, 28 de maio de 2008

Ócio

Estou, novamente, entregue à ociosidade. Essa semana deveria estar participando de um congresso, não estou. Estarei somente na sexta-feira. Até lá, ociosidade.

Não é de todo ruim essa situação, mas deveria estar colocando em dia meus estudos. A próxima semana será totalmente oposta, devido os trabalhos e provas que estarei submetido. A faculdade nos apronta dessas. Deixarei tudo acumulado, assim sinto mais prazer ao trabalhar intensamente. Nunca fui organizado com os estudos. Bom, dessa vez admito que estou curtindo a ociosidade. Essa aprendi fuçando algumas citações com um cara chamado Jerome, “é impossível gozar a ociosidade plenamente a não ser que se tenha muito trabalho para fazer.”

terça-feira, 20 de maio de 2008

Espera

A melhor parte da nossa vida é passada a aguardar o que vem.

Hazlitt, William


Duvido muito.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Vale Tudo

Como um gordo, negro, pobre e solitário escreve uma das obras-primas da música brasileira? Sentado numa cama olhando para o pôster de uma mulher.

Confesso que ler biografias não é uma preferência em minha vida. Na verdade esta que estou lendo é a primeira. "Vale Tudo, O Som e a Fúria de Tim Maia". Tim Maia foi certamente um dos personagens mais curiosos e mais geniais da música brasileira. Irretocavelmente descrito por Nelson Motta, seu produtor musical e amigo com quem passou longo tempo de sua vida. Uma passagem do início do livro retrata o personagem e a biografia da qual falo: “Desfrutar de sua amizade e testemunhar sua carreira eram um privilégio: um incessante espetáculo de grande música e alta comédia, protagonizado por um personagem único em sua paixão pelo excesso — de talento, de volume, de peso, de comida, de sexo, de drogas, de amor à arte, de cafajestice e agressividade, de ternura e generosidade...”.

Nos poucos capítulos que li até agora Tim Maia (ou Tião, como era chamado) aprontou várias, driblando a vida miserável, e, contra todas as expectativas, se tornando o grande gênio que foi. Mesmo pobre conseguiu ir para os EUA onde aprendeu inglês, passou fome, frio, foi preso várias vezes e deportado para o Brasil. Nos EUA viveu o “soul” que influenciaria sua música e a tornaria diferenciada no Brasil da época.

Morando com Fábio, um cantor de sucesso no final dos anos 60, Tim passou seus últimos momentos no anonimato. Fábio morava com seu empresário e viviam trazendo menininhas gostosas que eram levadas para os quartos. Tim, gordo, negro e pobre nunca arrumava nada e ficava escutando os gemidos dos quartos. Certa vez, sozinho em casa, Fábio havia viajado em uma turnê, Tim olhava para o pôster de uma mulher louco de tesão e se sentindo mais solitário do que nunca, compôs uma de suas obras que retratava o momento: “ Ah, se o mundo inteiro me pudesse ouvir/ tenho muito pra contar/ dizer que aprendi/ e na vida a gente tem que entender/ que um nasce pra sofrer enquanto o outro ri”. Tim sofria calado, dormindo no sofá emprestado por Fábio enquanto o músico (que era infinitamente inferior a Tim Maia) e seu empresário riam nos quartos se divertindo com as mulheres.

Gostando ou não do som de Tim Maia ou de biografias vale a pena ler essa, vale tudo.

* A editora do livro disponibiliza em seu site alguns capítulos para download.

terça-feira, 6 de maio de 2008

O Frio

Apesar de adepto do clima ameno desta época do ano, confesso que não me agradou passar frio ontem. Fui displicente por não levar casaco e paguei o preço ao cair da noite (e da temperatura).

Muitos reclamam do frio, não os entendo. Se estiver quente é ruim, se estiver frio é pior. Não prefiro o inverno ou o verão. Gosto das estações bem distintas, assim como ocorre por aqui. Se tivesse que escolher uma temperatura para passar a vida inteira, certamente, não escolheria o calor intenso. Prefiro uma temperatura mais amena mais próxima do frio que do calor. Mas aqui todo mundo reclama seja qual for a temperatura, se chove ou se faz sol, certamente falam do clima por, assim como eu, não ter nada melhor a dizer.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Josef Fritzl



Uma face nunca me engana. Mostra-me tua face que te direi quem és. Confesso que possuo esse dom. Deveria trabalhar na polícia, na área de investigações. Se estivesse encarregado do caso do desaparecimento da filha do senhor Fritzl, Josef Fritzl (nossa! Até o nome apavora), ela não teria ficado presa por mais de dois meses.

Aquela face não me engana. É a face do mal. Uma pessoa com aquele rosto não pode ser boa. Imagine o rosto de Chico Buarque. Ele é um cara educado, charmoso, escreve belas canções, isso todo mundo sabe, ou quase todo mundo. Mas somente olhando pro seu rosto se vê que não existe maldade na pessoa. Josef não. È diferente. Aquelas sobrancelhas inclinadas não enganam. O bigode fino. O cabelo arrepiado de louco. E os olhos... Veja o sangue nos olhos. Definitivamente esse cara não é uma boa alma.

Nesse ponto posso parecer preconceituoso (talvez realmente o seja), mas o fato é que faço julgamentos pela face de uma pessoa, na verdade todos fazem. Barba grande, por fazer, bem feita. Cabelo comprido, curto, penteado, descabelado. Sobrancelhas finas, grossas, inclinadas ou retas. Malditas sobrancelhas essas me despertam um sentimento curioso. Os olhos. O formato da face. Mas o que me remete a essas divagações é uma teoria penal formulada por um médico italiano chamado Cesare Lombroso. Em sua obra o italiano afirmava que existia um tipo de criminoso típico que poderíamos determinar por suas características físicas, altura, tamanho do crânio, dos braços et caterva. Para ele, o criminoso verdadeiro é uma variedade particular da espécie humana, um tipo definido pela presença constante de anomalias anatômicas e fisio-patológicas. Conheci vários advogados que afirmam conhecer o criminoso por essas características.

Claro que usar essa teoria no Direito Penal hoje em dia seria inadmissível. Não se pode condenar alguém somente pela sua aparência. É completamente irracional. Preconceituoso.

Voltando ao caso do Josef, não sei qual era seu disfarce social. Deveria ser muito bom pra ninguém desconfiar por todos esses anos. Mas ainda assim tenho certeza que pegaria esse cara se estivesse encarregado do caso. Aquelas sobrancelhas não me enganam. Conheço uma pessoa má, como Lombroso conhece um criminoso. Só pela aparência. Pelos conceitos pré-formulados. Pelo preconceito.