quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Matador

“Nunca fez gols. Nunca dominou bem. Nunca acertou um passe.” Disse Diego, amigo do Beto. Ao seu lado, Beto ri à toa. Marcou vários gols, dominou todas, não errou um passe sequer. “Sou matador.” Respondeu Beto.

Diego não sabia que Beto realmente era matador. Há um tempo atrás, antes de conhecer Diego, Beto era artilheiro, camisa nove. Guardava todas. Jogava no time da cidade onde morava e era famoso por seus gols. Nos jogos da cidade era ovacionado pela torcida. Principalmente pelas mulheres. Fazia sucesso com todas. Mulherengo, assim como todo artilheiro. Não marcava gols só nos gramados. Quanto mais gols, mais mulheres. Quanto mais mulheres, mais gols. Passava a noite com as mulheres e se tivesse jogo no outro dia, chegava cedo, o rosto inchado, mas era só entrar em campo para marcar gols e correr feito um touro. Matador.

Hoje está casado. Joga menos. Trabalha mais. Parou com as noitadas. Ainda não está totalmente fora de forma, mas já não corre como antes. Os gols é que sumiram juntamente com as mulheres. Sobrou só uma. Sua esposa. Tem uma vida estável. Foi domesticado. Um ambiente péssimo para um matador.

Beto sente falta das mulheres e de seu bom futebol. Na verdade, sentia. Há alguns dias atrás conheceu uma garota. Vinte anos. Universitária. Pele branca como a neve e belas formas. Começou a sair com ela. É novamente um selvagem. Um novo homem. Ou melhor, é um velho homem. O velho homem. Voltou a marcar gols, dominar e dar passes certeiros. O prazer ilícito fez renascer suas qualidades. Afinal, ele é um matador.

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