quinta-feira, 1 de março de 2007

Boas Lembranças


Estava lembrando agora que há um ano (21 de fevereiro de 2006), um pouco mais na verdade, estava no show dos Stones em Buenos Aires. Apesar do carnaval e todas as festividades que enfrentei neste início de ano, ingresso com déficit em 2007.

Foi uma das viagens inesquecíveis que fiz. Toda vez que lembro sinto um misto de êxtase e depressão. Pelo que foi e foi muito bom e por já ter sido e não estar sendo. A viagem, a cidade de Buenos Aires, os amigos, o estádio lotado, a loucura dos castelhanos, a ginga de Mick Jagger, a grande figura Keith Richards, a irreverência de Wood e a elegância de Charlie Watts. Tudo parece tão perfeito que tenho a sensação de que poucas coisas realmente valeram a pena como esta viagem. E pior é a sensação de que nunca mais farei uma viagem como essa.

Quando estava me preparando para ir ao show estava feliz, mas tinha aquele pensamento de que eles já não eram os mesmos, que já não tinham aquele espírito rock and roll do início da carreira. Mas isso até o primeiro acorde de jumping jack flash. Esqueci tudo. Tudo ficou pra trás. A partir de então era só eu e eles. Ou melhor, a massa e eles. Porque nesse momento eu já fazia parte da massa, que era dominada com extrema naturalidade por Mick Jagger. Os olhos grudados no palco apesar do calor sufocante e da loucura dos argentinos.

Em um momento do espetáculo Richards chegou ficar com os olhos marejados enquanto a multidão gritava seu nome. Pode bem ter sido marketing. Mas eu não me importava mais, chorei junto com ele enquanto gritava seu nome com toda a força de meus pulmões. Parecia um garotinho apaixonado implorando o amor impossível de uma mulher mais velha, se o amor dela não é verdadeiro pouco importava o meu era.

Após o show a realização era total. Por algum tempo até esqueci que tudo já havia passado e dali em diante seriam só lembranças. Essa relação estrela-fã é meio complicada, às vezes me sinto um idiota de me emocionar enquanto eles ganham um monte de dinheiro. Mas independente do espírito com que eles fizeram o show eu me realizei. Não sei se conseguirei repetir isso. É como a propaganda, essa é uma das coisas que o dinheiro não compra, ou compra?

3 comentários:

Ani Cristina Bariquello disse...

"E pior é a sensação de que nunca mais farei uma viagem como essa."

Não diga NUNCA MAIS.

Quem garante, assim como você não sabia antes dela que a faria, não sabe o que acontecerá daqui para a frente sei lá.

Nostalgia é um sentimento estranho. Pode até ser conformismo, mas gosto de pensar que a lembrança são quase tão satisfatórias quanto o momento vivido, a sensação é diferente, é claro.

Pires disse...

Eu aprecio a nostalgia.

Ani Cristina Bariquello disse...

Eu também, mas não vejo como algo triste.