sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Castro e os Cubanos



Fidel Castro está abandonando o poder. Aos poucos. Mas está. Não acho que a vida dos cubanos interfira na minha. Na verdade nem sei se a vida deles melhora, piora ou fica na mesma com a saída do ditador (troca de ditador).

Fidel Castro tem o meu respeito. Não sou de esquerda e estou longe de simpatizar com o comunismo ou com um governo ditatorial. Mas o tempo que ele ficou no poder em Cuba é impressionante. Considero Hugo Chavez e Evo Morales o atraso da América Latina, no entanto, Fidel é um ditador da época “romântica” do comunismo. Ele não foi um ditador ele foi “o ditador”. Por mais que não simpatize com seu governo ou com suas idéias devo confessar que ele é uma lenda viva (por pouco tempo ao que parece).

Nunca a entendi Cuba. Desconfio de todos os comentários e notícias que ouço. Uns falam da pobreza dos habitantes, outros dos ganhos sociais. Cada um fala de acordo com sua ideologia. Uma vez tinha uma vizinha no meu prédio que havia morado em Cuba. Fez um intercâmbio. Cursava Educação Física. Conversei poucas vezes com ela, nunca me atrevi a fazer muitas perguntas sobre a ilha. O que sei é que seu intercâmbio era bom, já que, Cuba é uma potência no esporte. Sei também que ela engravidou de um cubano e por isso havia retornado ao Brasil. Certa feita confessou que seu filho havia sido concebido em uma pista de atletismo. Acrescentou que os cubanos, em especial o pai de seu filho, têm um bom porte atlético. Não me poupou dos detalhes sórdidos. Talvez por isso sejam tão bons nos esportes. Aquela era uma mulher realizada. Via nos seus olhos quando falava do pai do seu filho. Confesso, inclusive, que senti um pouco de ciúmes do cara. Não por ela. Apesar de bonita, não era uma mulher irresistível. Mas pelo modo como ele, aparentemente, a satisfazia. Pensei se alguma mulher alguma vez falou em mim daquela maneira. O vi uma única vez. Saindo do prédio com um agasalho com as cores de Cuba. Era moreno, estatura média, expressão fechada. Quando percebi quem ele era lembrei da conversa que tive com ela. No outro dia a vi com a mesma felicidade de quando falava nele.

Não sei se Fidel foi bom para Cuba. Não sei se os cubanos são felizes com Fidel, mas tenho certeza que aquele cubano faz minha (ex) vizinha feliz, isso faz.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Mini-Post

A praia acabou com minha mente e minha disposição. O carnaval também colaborou pra isso. Não consigo escrever nem ler. Meu cérebro está fechado para atividade intelectual. Responde apenas aos “instintos mais primitivos”, como diria um ex-político-famoso-corrupto-que-mentiu-a-vida-inteira-e-quando-disse-a-verdade-teve-seu-mandato-cassado.

Não sei se ele (cérebro) não me obedece ou eu que compactuo com sua má vontade. Tanto faz também. Não consigo pensar nisso agora. Escrever este mini-post já está sendo de grande dificuldade para mim. Voltarei num momento mais oportuno.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Brasil em Segundo Plano

Como já é de praxe o Congresso Nacional está mais interessado em montar CPI’s que não resolvem nada do que discutir medidas para a o bem da nação. Agora é a vez dos cartões corporativos. Primeiro a oposição queria entrar com a CPI. Depois a situação. Agora já estão querendo investigar FHC. Tudo em “pratos limpos” no Congresso Nacional.

No final ninguém sai investigado. Ninguém é punido. E ficamos assistindo estas novelas de Brasília. Se o cinema brasileiro ainda não chegou ao nível do norte-americano, Brasília já está deixando Hollywood na poeira.

Até quando Brasil, até quando?

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Noite de Despedida

Jamais haviam trocado um olhar malicioso. Aquela era uma noite de despedida e essas noites exercem uma força estranha sobre seus protagonistas. Possuem roteiros ousados que surpreendem seus atores e geralmente são revelados na última hora. A mulher, uma amiga dele. Melhor amiga de sua ex. A ex, presente na festa, lançava olhares sobre ele por mais que estivesse acompanhada de outro. Esse outro é figurante na história, assim como a ex que está na história só para lançar esse olhar e confundir inicialmente o leitor. Ele ignora tais olhares.

Esta história não é sobre ele e sua ex. Isso nem ele sabe. A história é sobre ele e a amiga de sua ex e sobre como eles fazem sexo na noite de sua despedida. Ela ia para a capital durante a semana. Era sua última festa com os amigos antes da mudança de ambiente.

A festa transcorria normalmente. Até então, como sempre ocorreu ou como nunca ocorreu, ele e ela não haviam trocado olhares na festa. Entre uma despedida e outra eles se encontraram. Começaram a conversar e quase que sem querer trocaram olhares. Pela primeira vez se olharam assim. Olharam-se fundo. Um olhar de desejo. Somente nesse momento ele recebe o roteiro, vai direto ler o final e acha interessante. “Por que não?” Ela desvia o olhar e sai. Continua se despedindo do resto do pessoal.

Ele continua bebendo. Está sozinho. Não pensa e não faz nada além de beber. De agora em diante é apenas um marionete nas mãos do autor. O autor sabe dos efeitos de uma noite de despedida e deixa o protagonista em suas mãos.

Como que atraído por uma força vira-se pro lado. Lá está ela, parada, próxima da saída. Em seu vestido preto, bolsa na mão e olhando-o novamente. Novamente aquele olhar de desejo. Aquele olhar que fala. Convidando ele para sair. Para pular algumas páginas do roteiro e ir logo para o final. Ele olhando para ela daquela maneira pela segunda vez na sua vida sabia que não olharia uma terceira. Não naquela noite. Ela, concordando com a escolha, sai rasgando e atirando ao fogo as páginas intermediárias sendo seguida por ele.

Os dois vão para um local escuro bem próximo da festa. Dessa vez não houve carro motel ou cama, afinal era uma noite de despedida. Como se fizessem isso junto há anos, transaram numa sintonia nunca experimentada por nenhum deles. O palco foi o mais simples possível, escolhido naturalmente: a grama banhada pelo orvalho da noite.

Após aquela noite ela viajou como planejado. Ele ficou como esperado. Viram-se poucas vezes desde então. Nunca comentaram aquela noite. Nenhum dos dois entendeu direito o que aconteceu naquele dia. O que se sabe é que nunca mais ele participou de uma noite de despedida.